Vejo uma família que foi feliz. Ali no pasto os filhos andam a cavalo. Aqui no quintal os dois pais, as três mães, o tio, a tia e a avó - a matriarca - bebericam, suas almas limpas e em bonita harmonia. Alguns convidados - primos mais distantes - ajudam a enriquecer o quadro. No futuro, nada mais disso. Os filhos cresceram. Tem duas novas crianças: uma é o filho de uma daquelas filhas; a outra é o filho da tia que também se tornou mãe, e que ele perdeu quando ainda estava começando a crescer. Cenas tristes, mágoas, ressentimentos. Na prática, perdeu-se o rumo. A moldura não mudou muito. Mas a família já não é mais a mesma. As cores desbotaram, pequenas manchas que poderiam ter sido evitadas surgiram sobre as belas almas de outrora. Ninguém soube protegê-las, todos fingem não as notar. Pobre maculada harmonia. Restaurá-la, restaurá-la, por favor! Mas como? Ainda há tempo? Perguntas...ecos de uma ruína anunciada...
Fracassei. Na última postagem, eu falava da venda do carro e do mergulho na bicicleta. Não consegui vender o carro, não tive coragem de encarar o trânsito de bicicleta. Fracassei, como em outras coisas na vida. O carro continua lá, contra a minha vontade, e também não tive força de vontade pra insistir, procurar uma revendedora, colar um "vende-se" no vidro traseiro. Acabei usando umas vezes mais, por conveniência, ou simplesmente pra justificar o fato de mantê-lo na garagem, ou pra não deixá-lo morrer de vez. E o resto fiz a pé, de ônibus ou de carona. Resumindo: o discurso não deu na prática. O grande problema não é o fracasso em si, mas como a gente lida com ele. Lá no fundo, fico muito incomodada em manter o carro na garagem. Tomar uma decisão e não conseguir cumpri-la gera um sentimento de frustração constante, que lateja. Vale pra tudo. E nos últimos meses, tudo tem sido bastante coisa. Tempos de crises. No plural mesmo. Crises globais - a econômica, a polític...
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