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Mostrando postagens de 2012

Sobre duas rodas (ou nenhuma)

Prestes a me livrar do meu carro, comprado em infinitas prestações de um valor que eu não podia pagar, porque julguei necessário em um determinado momento da minha vida pra atender às pressões do mundo que anda a 100 km/h. Por quatro anos usufruí do (suposto) direito de ir e vir que o carro proporciona. 50 mil quilômetros rodados. Feliz da vida, vendo o pretinho básico, como costumava chamá-lo, por cerca de 40% do valor que paguei. Números que não significam mais nada pra mim. Há dois anos comprei uma bicicleta e venho experimentando em doses homeopáticas o aparente desafio de viver sem ter um carro na garagem à disposição 24 horas por dia. Você perde algumas coisas: não dá pra ir ao supermercado preferido sempre, não dá pra viajar pra qualquer lugar a qualquer hora. Você ganha muitas coisas: o prazer de voar, nem que seja só aos domingos, sobre as duas rodas da magrela; as horas de leitura e descanso entre uma cidade e outra sem precisar dirigir; uma dose extra de saúde, bom humor

Da sobrinha

Abraça, cheira, ama. Escreve bilhetinho. Dorme na mesma cama. Mas quando a gente cresce, esquece. Sente saudade. Corre pra ganhar o primeiro beijo. Engole o choro no ciúme do novo neném. Mas quando a gente cresce, esquece. Abandona. Coloca o resto em primeiro plano. Nunca mais aparece. A gente cresce e esquece. Pede perdão. Mas já é tarde demais. E a gente nunca mais esquece.

Inspiração

"Pour moi, ça paraît tellement simple que la vie doit être vécue sur le fil. D'entretenir sa rébellion, de refuser de se conformer aux règles, de refuser son propre succès, de refuser de se répéter, de voir chaque jour, chaque année, chaque idée comme un réel défi. Ainsi, nous vivrons notre vie sur la corde raide." (Philippe Petit) la vérité

O muro

Na poltrona do avião espero E o que mais me fascina (agora pelo menos, que os olhos ardem de sono) É nada mais que um número: Quantas pessoas aqui comigo nessa aeronave flutuam Sobre o atlântico nosso oceano Que já não é nosso nem nunca foi Que de patriota não tenho quase nada. Iremos todos afinal para o mesmo lugar? Berlim, Berlim...o muro!

Stop blaming the world

Você acorda e chove e você blasfema contra a natureza que logo hoje resolveu mandar água só pra te sacanear, logo hoje que você tinha planejado finalmente fazer uma caminhada e então conclui que é por isso que você não consegue se exercitar, além dos mil problemas que você tem a natureza, ou Deus, ou São Pedro não colabora. Seu secador de cabelo quebra e você está certa de que foi praga daquela vizinha que vive elogiando o seu cabelo, invejosa que é, você sabe que ela te odeia por causa do seu cabelo lindo e sedoso e deve ter feito macumba pra você ter que sair de casa hoje com o cabelo igual vassoura. Se o mundo está contra você, talvez seja a hora de você mudar um pouco de referencial. Afinal, por que o mundo estaria tão preocupado com você? Assumir a responsabilidade sobre sua própria vida talvez traga não todas as respostas mas as perguntas certas.

Ao Pedro, com carinho

Sempre me lembro de você. De todo jeito, é sempre bom. Meu filho emprestado, meu irmão roubado. O amor é muito, o preparo é pouco. Queria saber te amar. Sei, de fato, mas quem vê? O mundo me engole, e com ele é engolido meu amor. E você continua me fazendo feliz, porque te ver crescer me faz crescer junto, mesmo que seja pra não te desapontar.

A Índia da verdade e a Índia da realidade

Da série: recomendo. O filme Water, de Deepa Mehta. Faz questionar a beleza da fé, o valor das tradições. A consciência. A fé e a consciência, e o conflito entre elas. E o quanto tudo isso se confunde na Índia. Bonito, de uma boniteza perturbadora. Sem contar a qualidade e a ousadia. Que podem fazer chorar.

Um dia bom

Hoje é um dia bom, que já foi mais triste. Triste porque você não está mais aqui, e hoje seria o dia da celebração se estivesse. Bom porque a gente acaba aceitando essa tristeza e carregando a saudade como um filme muito bonito, daqueles que nos fazem chorar e sorrir e querer ver repetidas vezes, porque sempre trazem um riso choro novo, um detalhe que não tínhamos visto e que nos ensina mais uma coisinha e nos traz você de volta, sua voz de volta, seu sorriso de volta. É uma pena não poder te abraçar, mas é uma alegria poder carregar esse filme comigo. Te abraço como de costume, no próximo sonho, combinado?

Esquilinho

À velocidade da luz caminham meus pensamentos, Devaneios de uma forasteira eternamente perdida. Enquanto a luz viaja para nos mostrar o mundo, Ele se acaba. Ao lado dele desatenta sigo. Do futuro alguém nos vê E adivinha nosso fim. Tudo é uma coisa só porém, E assim estamos salvos Eu, você, o buraco na calçada e a ratazana atropelada. Em busca de uma paz já encontrada, Vejo um esquilo, uma entre tantas graças da natureza. Presente aceito e celebrado, a paz aumenta, Com ela a felicidade, plena e lúcida. Sinto o cheiro da serenidade E não preciso mais batalhar por ela. Suspiro... Não há mais nada a temer.

O movimento minimalista e a educação

Muito se fala atualmente sobre um movimento minimalista, não no contexto artístico e literário, mas como uma espécie de sociedade alternativa que vem se desenhando em fuga aos apelos consumistas e narcisistas do zeitgeist . Em minhas tentativas de adesão ao minimalismo, fica evidente a dificuldade de inserção na sociedade consumista padrão quando se deseja afastar-se do supérfluo e do culto ao exagero. Perguntarão quem sou eu pra fazer tão atrevida análise, mas suponho que a história ajude um pouco a entender tal dificuldade. Em diferentes épocas e por não tão diferentes razões, as nações viveram tempos de escassez. Quando a crise passou, todos buscaram - e buscam - a abundância. Crise ainda há, certamente, mas mesmo - e principalmente - aqueles que a enfrentam acatam e pregam o "quanto mais, melhor". Experimente oferecer um jantar e minimizar o cardápio: ao invés de comida à vontade, uma porção por convidado. Experimente ter apenas duas camisas e revezá-la

Umsonetodoavesso

My life is such an adventure! My friends are so few, Because they are worth... And the universe, the universe... What the hell has it to do with my life? I'm just a tiny sand... E no final das contas, quem se importa? Tudo se vai. O momento final retardar... ...pra quem eu amo também. No way I would survive If I had lost everyone I love. Just unbearable...

Mas eu me esbaldo...

E como quem eu amo faz falta! Faz falta como aquela gota última que bastaria pra matar a sede, Como o travesseiro que falta ao sono completo, Como o beijo querido não recebido, talvez não merecido. Quem eu amo me tira a fome, e me traz o medo, o medo de não tê-lo. Eu amo e quero, e quero agora. Que pena as estradas existirem, que pena a ciência tão insuficiente... Traz-me, pois, sua voz, não preciso de mais.

Melancolia

Quando começo a pensar no absurdo, que não se pode adjetivar, fico perplexa com minha aparente e conformada - talvez confortável - passividade consciente. Porque é diferente quando se percebe o absurdo. Para quem não enxerga, ainda pode haver redenção. Mas eu vejo, e nada faço. Até penso que faço, ou que tento fazer, mas é tão pequeno que quase não exige sacrifício. Ouso dizer que o sacrifício é muito mais interno, físico-mental. É dolorosa a sensação de pertencer ao mundo. Muito mais poético seria acreditar que sou parte dele, e essa é uma defesa que quase sempre funciona, mas a verdade é que ele me possui e só. A liberdade é uma doce utopia, amarga ilusão. Caberia dizer que o mundo é torto, e o único no cardápio, não fosse 'torto' defeito justamente por conta de convenções absurdas como este mundo, o que criou as convenções. Talvez se fosse torto mesmo seria melhor, porque mais natural. Mas o mundo na verdade segue uma linha bem planejada pra ser bom a quem o conduz. A ex

Poema fraternal

Um sobrenome em comum E quase nada mais. Se há mesmo um destino, há que se questionar quais são seus critérios. Em aproximar duas almas tão pouco afins E fazê-las amar uma a outra Deve haver qualquer coisa de mágico, Qualquer coisa fora da nossa lógica ordinária. Talvez o segredo esteja no não entender A beleza dos seus caprichos.