Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2010

Fatigué

É quando estamos cansados que se manifesta nosso mais profundo ser. Rendem-se o corpo e a mente abatidos, esvaem-se os medos, a coragem e os mitos. Bandeira branca A fadiga encerra todas as definições. Tornamo-nos corpos entregues à sorte das marés, e passamos a finalmente confiar na correnteza, e sucumbir ao poder da natureza. É quando nada mais importa, senão o sabor daquilo que se nos oferece. Não há nada mais puro do que um ser abatido, tal qual um recém-nascido ao qual cabe apenas implorar pelo leite materno. E ai de quem nos acolhe, fadado a uma eterna idolatria, a mãe segunda, vítima de irreparável gratidão. Condenamo-nos assim ao amor perpétuo, nem que seja pela própria vida.

Dualismo

O dia espera que a noite lhe traga o silêncio... Le soleil et la lune se sont donnés rendez-vous.. A noite busca no dia os sonhos perdidos...

Inquietude

Ah, tu que me persegues, inquieta e constante, renovada, inquietante... Tenho cá minhas razões para adorar-te agora que já bem sei por que me queres provocar... le calme avant le têmpete Tenho logo um arrepio, vou atrás de ideias novas, velhos caminhos pouco explorados, sensações abandonadas... Ah, bendita inquietude... Tu que me persegues... Que do meu mundo seria sem tua impossível infinita calmaria?

Partículas ículas

Ema mar aranha manha arado, emaranhados antimatéria, raios gama, prótons, elétrons, pósitrons... Ah, os pósitrons... Não seria o homem mais feliz Se não os tivesse descoberto (ou inventado)? By Anthony Mattox Pois já que nada sabemos - e essa é a única certeza, vivemos a elaborar conceitos que nos venham confortar essa frustrada ignorância pra dela nos ocultar. E a natureza, enquanto isso, ri uma grata gargalhada... Não é afinal esse o motor que nos faz continuar?

Les hommes...

Esses seres imperfeitos e adoráveis...

Ponto de interrogação

As campanhas eleitorais para presidente neste ano apontam para uma catástrofe. A era pós-Lula é cheia de ex-petistas, novos tucanos, eleitores verdes (convenhamos, ainda têm muito que amadurecer...), rebeldes retardatários, pseudo-democratas, eternos reacionários e, claro, os "café-com-leite", aqueles que não têm a menor ideia do seu papel na sociedade. Mas é cabível esperar mais? De um povo cada vez mais marginalizado, cada vez menos educado? Na minha opinião, não. Embora não surpreenda, a constatação deprime. As tribos políticas só servem pra acalorar os debates, porque na prática são todos farinha do mesmo saco. A mentalidade geral do brasileiro é refém do curto prazo. Cada um à sua maneira está buscando garantir o pão do dia de hoje. Ok, rebeldia minha...mas com causa!

Apenas um suspiro...

...pelos bons tempos do cinema ingênuo...

Apesar da Copa, as eleições...

"O que estamos descobrindo é que redes de massa, formadas por milhões de partes e com mínima supervisão e máxima interconexão, podem fazer muito mais do que já se imaginou. Ainda não conhecemos os limites da descentralização." É o que João Arruda Falcão diz aqui:   Internet e as eleições de 2010 no Brasil - Revista Interesse Nacional . Leia, releia, rumine, digira! E elabore uma opinião própria, que senão nada vale a informação...

Impecável

Céu e seu divino talento...nem precisava tanto, a voz já é incrível, mas ela também compõe lindamente, e brilha no show. Agora aparece com esse desenho no blog dela ( http://www.ceumusic.com/br/ )... E pra entrar no clima: http://www.youtube.com/watch?v=AJ1XPqbq6PA

Dia dos namorados

Olha o estrago que a chuva fez no meu coração. Era o encontro perfeito: piquenique no parque, toalha xadrez, vinho francês e até violão. piquenique (Fonte: media.paperblog.fr) Mas na hora marcada uma nuvem muito abusada (e que não foi convidada) fez sombra e trovoada, debochou da minha cena, e sem dó nem piedade encharcou minha pequena. E eu, completamente desolado, inconsolavelmente fracassado... Poderia um simples bobo apaixonado prever tamanho golpe de seu maior aliado? Bastava, Sol querido, dar-me apenas um aviso... parapluie fermé (Fonte: www.educol.net)

Por que eu fui?

Um retrato quase caricatural do capitalismo (pseudo) liberal-globalizado atual e de seus súditos fieis, escravos da nossa tão conhecida vaidade. É isso, e nada mais do que isso, o máximo de conteúdo que podemos encontrar no longa 'Sex and the city 2'. Cinematograficamente, talvez um pouco da fotografia se salve, o que não é grande mérito se considerarmos a quantidade de dinheiro que deve ter sido investida no filme. Enfim, não merece mais do que um parágrafo do meu tempo, afinal não tem nenhuma novidade. Lamento apenas que o vazio do roteiro reflita a futilidade de ideias e objetivos que vem tomando conta da nossa sociedade. Carrie: beaucoup de glitter, pas de beauté ...

Imagem do meu ser

O espelho me tomou de assalto numa noite sem graça regada a cachaça, e cercada de cenas me vi a chorar. Da minha infância o filme brotou: canavial e garapa, aniversário de criança, cavalgadas na fazenda, o velório do meu avô. Quantas marcas, saudosas marcas... Reticências de uma vida, nos ensinam essas memórias a saborear o próximo vento e jamais perder a chance de viver mais um só tempo...

Os sonhos que eu tenho

Salvador Dalí Woman at the Window (1925) Que eu ainda me permita sonhar morar no campo, cultivar um jardim, uma horta, um pomar, perder o medo do escuro, reaprender a brincar, recuperar a inocência do não pensar, dormir toda noite a noite toda, não sentir raiva, dor ou pesar. Que a voz dos meus sonhos entoe melodias de canções de ninar pra embalar o sono do filho que eu hei de gerar. Em minhas preces de atéia eu peço a quem ouça, a quem possa escutar meus caros desejos, meus simples gracejos de leve alma a pulsar.

Ruínas

Vejo uma família que foi feliz. Ali no pasto os filhos andam a cavalo. Aqui no quintal os dois pais, as três mães, o tio, a tia e a avó - a matriarca - bebericam, suas almas limpas e em bonita harmonia. Alguns convidados - primos mais distantes - ajudam a enriquecer o quadro. No futuro, nada mais disso. Os filhos cresceram. Tem duas novas crianças: uma é o filho de uma daquelas filhas; a outra é o filho da tia que também se tornou mãe, e que ele perdeu quando ainda estava começando a crescer. Cenas tristes, mágoas, ressentimentos. Na prática, perdeu-se o rumo. A moldura não mudou muito. Mas a família já não é mais a mesma. As cores desbotaram, pequenas manchas que poderiam ter sido evitadas surgiram sobre as belas almas de outrora. Ninguém soube protegê-las, todos fingem não as notar. Pobre maculada harmonia. Restaurá-la, restaurá-la, por favor! Mas como? Ainda há tempo? Perguntas...ecos de uma ruína anunciada...

Sabiá

Embora eu saiba que nada sou apesar de saber assobiar e de subir aos sábados sob o sol do meio dia a ladeira que leva à tua casa, sinto no meu sigiloso sofrimento que a sílaba por que chamas meu nome me veste de significados e me traz a sublimidade de que preciso pra saber o som que te contenta, o que não me faz mais sábio (tampouco mais sóbrio), mas seguramente muito mais feliz.

Tempo

Uma coisa que nunca me faltou. E por mais que o gaste vem sempre a sensação de que tenho mais, porque pra mim o que passou entra na conta. O tempo que usei é também tempo que eu tenho nas mãos, na memória, na minha história. Ai que pena dos que dizem não ter tempo para nada... Os que não se dão conta de que contar o tempo é desperdiçá-lo.

Dedicatória

Parece-me clara como a água da fonte a importância que tem o olhar sobre as coisas na importância que as coisas têm. Uma cidade pode ser apenas uma cidade. Mas sob o teu olhar uma cidade pode permear a vastidão do universo e se tornar o teu universo. E não se pode punir-te por carregar contigo um pedaço dela e levá-lo a passear por aí, permitindo que outros olhares a vejam através do teu. Ainda mais se a tal cidade já no inconsciente te provoca por trazer o teu nome no dela.

Mais do mesmo

"Docteur Freud", Pedro Uhart Ao que se espera de uma mulher como eu não tenho a intenção de corresponder. Ao que espero de uma pessoa como você não tenho a pretensão de que corresponda. Expectativas fecham caminhos e levam os homens - esses seres tão complicados - à insatisfação crônica, que, acredito eu, é um dos males que fazem lotar as salas dos terapeutas.      

Aos que não são

Tem sido tedioso escutar as lamúrias de alguns insatisfeitos. Queria - e muito - vê-los todos felizes, ou ao menos capazes de rir da própria desgraça, o que tem sido apontado como antídoto pra muita ameaça de depressão. Não se trata de puro altruísmo, talvez até o contrário. Não ando muito numa fase de sentir pena. Pois vejo uma minoria de casos em que podemos rotular o sujeito como vítima, e mesmo entre estes são menos ainda os que não se podem tornar senhores de si e viver com as asas da sua própria realidade.

Servidão estável

Pensando aqui com meus botões sobre essa nova onda de concurseiros...vá lá, nem tão nova assim...pelo menos desde que saí da universidade esse assunto é frequente nas rodinhas. Há pouco tempo me vi entrando de gaiato no navio. E afinal começo a entender por que estamos nele. Essa tal estabilidade seduz. Sobretudo em um país regido pelos interesses das elites, onde a palavra insegurança - em todos os seus possíveis sentidos - permeia das portas dos barracos da favela às mansões das chamadas famílias de classe média alta. Acabamos por sucumbir aos apelos do sistema. Se não pode vencê-los, junte-se a eles. Será?

No final do arco-íris, a Wolkenburg

Na pequena grande Cunha, ou Fuscunha para os mais íntimos, não só os artesãos de cerâmica conseguem destaque em meio à encantadora paisagem. Foi ali que fincou raízes o adorável casal formado por uma paulista-austríaca e um alemão já bem abrasileirado, que recebe em sua singela cervejaria turistas beberrões em busca de conhecer e degustar suas obras de arte engarrafadas. http://www.cervejariawb.com.br/

Nada de contar histórias

Que de hoje pra frente decidi que não. Tem a insegurança, a insatisfação, não é grande coisa mesmo. Esforço gratuito ou pior, infrutífero. Se é pra ser só seu, que se faça então como vier. Deixa rolar, diriam os modernos.

Do perigo de gastar nossos minutos com as coisas vazias

 "C'est le temps que tu as perdu pour ta rose, qui fait ta rose si importante."   Antoine de Saint-Exupéry

Aos sóbrios

Finalmente enxergava: não era o que havia planejado ser. Sua vida havia seguido outro caminho, ou talvez o caminho de outro. Não se sentia arrependido, nem pensava em desistir. Jogar tudo pro alto e escrever outra história não era sequer uma opção. Nunca fora mesmo chegado a obviedades. Eis que o vozeirão de Cássio o trouxe de volta, aquilo era “um absurdo, você não acha?”. Respondeu com o dar de ombros habitual, seguido de um sorrisinho simpático e um gole do café sonso de sempre. Nem sabia mesmo qual o assunto. Olhou o relógio – preto, discreto, combinava com o cinto e o sapato, colocou o dinheiro sobre a mesa e notou a taxa de serviço, adivinhando a causa da indignação do amigo. Nunca se importou em pagar os tais 10%, e na verdade não era do tipo que se importava com as coisas. E o resto das pessoas viciara-se em criar caso. A vida em sociedade sempre o fascinara. Ainda digerindo os pensamentos do almoço, sentou-se na cadeira ergonômica – cinza, combinava com a cortina – que Érica

Me aborrece

O chato que parece que não sabia que era chato ou sabia e gostava disso e se sentia importante por conseguir irritar as pessoas e dessa forma se tornar parte de suas vidas. O chato que se julgava no direito de julgar os outros como bons ou maus, certos ou errados, inteligentes ou estúpidos, sábios ou ignorantes, com base apenas na decisão de concordar ou não com ele. O chato que fez com que o restante da turma ficasse aliviado com o fim dos encontros, que ele entitulou como o fim de mais uma esperança. A esperança de finalmente ter encontrado súditos. Mal sabe ele que ninguém ali estava carente de um mestre. E que de mestre ele não tinha nada, porque mestres não são pretensiosos ou arrogantes. Que vá procurar outros chatos.

Ô balancê

Eu estava lá. Por menos que quisesse. Depois de me render ao apelos chatíssimos dos foliões incansáveis, sim, eu estava lá. E, quando no meio dessa gente toda cheia de vazio encontramos alguém interessante, vale a pena bancar o simpático. Mas isso sempre acaba mal, deslocado. Não dessa vez. Talvez por ela não ter conseguido entender o que eu disse no meio daquele baticum todo. Benditos foliões...

Sem perder a ternura...

Sabe aqueles filmes que te pegam logo na primeira cena? Em C.R.A.Z.Y., o personagem Zach, interpretado com delicadeza e naturalidade por Émile Vallée e Marc-André Grondin, é nada menos do que apaixonante. A sensibilidade de Jean-Marc Vallée nos lembra que, ao contrário do que tentam nos convencer os hollywoodianos, é o amor - e não a vaidade - que move o mundo.

Fraquezas...

Sempre evitei os ídolos. Tolice ou não, acho ingênuo demais ter um ídolo. Mas quando você encontra um... "there is no why" . "It's impossible, that's sure. So let's start working." Philippe Petit

Das novelas de TV

Sem muito tempo pra criar, vou copiar mesmo. Do artigo intitulado "A hipermassificação e a destruição do indivíduo", do filósofo e escritor Bernard Stiegler : "Quando dezenas ou centenas de milhões de telespectadores assistem simultaneamente ao mesmo programa ao vivo, essas consciências do mundo inteiro interiorizam os mesmos objetos temporais. E se, todos os dias, elas repetem, na mesma hora e regularmente, o mesmo comportamento de consumo audiovisual, porque tudo as leva a isso, tais “consciências” terminam por tornar-se a consciência da mesma pessoa – isto é, de ninguém." Em tempos de Big Brother, acho pertinente e saudável pensar nisso. E a quem interessar possa: http://diplo.org.br/imprima2197 . Au revoir ...