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Sobre falar claramente

Uma das melhores conquistas que a liberdade traz é a de sentir-se livre para falar o que, quanto, como e quando preferir. Sem excessiva preocupação com o julgamento de quem ouve. Sem a preocupação se alguém ouve. Quando escrevo, é o ápice dessa liberdade. Escolhe-se ser leitor, é o poder do livre arbítrio. Portanto, àquele que lê garante-se o direito de interpretar o que o outro escreveu, mas jamais o de tomar tal interpretação como a verdade daquele que escreve.

Falhas na comunicação
Não que eu me sinta obrigada a esclarecer aqui qualquer coisa, mas decidi fazê-lo, apenas porque isso pode contribuir pra consolidar ainda mais a minha liberdade, além de, talvez, ajudar a libertar quem lê.
Gosto, e muito, de tentar colocar poesia nas minhas palavras, por mais ambicioso que possa parecer, e ser, tal projeto. Por isso na maioria das vezes uso meias palavras, frases cortadas e estratégias afins, que podem dificultar um pouco a compreensão do que quero dizer, facilitando a livre interpretação de quem lê. Que fique claro, então: escrevo para mim. Ponto. Não são recados, não são mensagens, não são direcionados. São livres manifestações do meu ser, e só isso. E é assim que devem ser recebidos.
Uma qualidade que me permito admitir é a de ser franca. Se há algo que eu queira dizer a alguém, direi claramente. Se decidir que não devo dizer, simplesmente guardo para mim. Não busco subterfúgios para tentar de alguma forma transmitir indiretamente uma mensagem qualquer. Se houver mensagem a ser dada, ela será dada de forma clara, objetiva e, principalmente, direta. Como esta.
Leia, se quiser. Interprete, como quiser. Mas saiba lidar com a sua interpretação. Que não é, necessariamente, reflexo da minha intenção.


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