A vida é assim linda porque tem, sim, um sentido. Nina Simone e o cuidado que o meu namorado tem comigo são a prova disso. A barraca de peixe na feira e o pôr-do-Sol também. Blues, em geral. Piano (piano, ainda me aproximo de você). O Sol. Nascendo ou se pondo, escondido atrás das nuvens, aqui ou no Japão. A cor verde-esmeralda (que eu descobri que carrega saúde). Philippe Petit e suas travessias ensandecidas e absurdamente lúcidas e sublimes, desconcertantes.
Muito se fala atualmente sobre um movimento minimalista, não no contexto artístico e literário, mas como uma espécie de sociedade alternativa que vem se desenhando em fuga aos apelos consumistas e narcisistas do zeitgeist . Em minhas tentativas de adesão ao minimalismo, fica evidente a dificuldade de inserção na sociedade consumista padrão quando se deseja afastar-se do supérfluo e do culto ao exagero. Perguntarão quem sou eu pra fazer tão atrevida análise, mas suponho que a história ajude um pouco a entender tal dificuldade. Em diferentes épocas e por não tão diferentes razões, as nações viveram tempos de escassez. Quando a crise passou, todos buscaram - e buscam - a abundância. Crise ainda há, certamente, mas mesmo - e principalmente - aqueles que a enfrentam acatam e pregam o "quanto mais, melhor". Experimente oferecer um jantar e minimizar o cardápio: ao invés de comida à vontade, uma porção por convidado. Experimente ter apenas duas camisas e revezá-la...