Vejo uma família que foi feliz. Ali no pasto os filhos andam a cavalo. Aqui no quintal os dois pais, as três mães, o tio, a tia e a avó - a matriarca - bebericam, suas almas limpas e em bonita harmonia. Alguns convidados - primos mais distantes - ajudam a enriquecer o quadro. No futuro, nada mais disso. Os filhos cresceram. Tem duas novas crianças: uma é o filho de uma daquelas filhas; a outra é o filho da tia que também se tornou mãe, e que ele perdeu quando ainda estava começando a crescer. Cenas tristes, mágoas, ressentimentos. Na prática, perdeu-se o rumo. A moldura não mudou muito. Mas a família já não é mais a mesma. As cores desbotaram, pequenas manchas que poderiam ter sido evitadas surgiram sobre as belas almas de outrora. Ninguém soube protegê-las, todos fingem não as notar. Pobre maculada harmonia. Restaurá-la, restaurá-la, por favor! Mas como? Ainda há tempo? Perguntas...ecos de uma ruína anunciada...
Dia após dia eu sigo, Naturalmente olhando um pouco mais pro meu umbigo, Que traz recordações, ela diz, Do tempo em que eu quase existia, Quase vivia, Sublocando um útero molhado, Pra onde, ela diz, Quero voltar Quando a escada parece alta demais.
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