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Oito de março de dois mil e vinte e um, nove da noite. Você finalmente se senta e pensa em escrever alguma coisa interessante. O dia foi ótimo. Você acordou às seis e meia (normalmente sua filha te chama antes das seis) depois de ter ido dormir por volta das onze. Teve uma interrupção na madrugada, nada demais. Ela te chamou, você foi lá, ela te abraçou e logo voltou a dormir. Você também não teve muita dificuldade pra dormir depois de voltar pra sua cama. Sua filha levou quase uma hora até escolher uma roupa que a deixasse satisfeita. Ela está na fase em que as roupas ganharam um significado, e não servem mais apenas pra cobrir o corpo. Uma hora ela quer vestir saia de tule e collant (isso veio depois que você e ela se fantasiaram e dançaram a tarde toda no quintal pra curtir o Carnaval cancelado pela pandemia), mais tarde é a roupa do Simon (o coelho do desenho), e às vezes no mesmo dia são cinco papéis (o que dá cinco roupas também) diferentes que ela interpreta (junto com você, a q
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A alma daquela pessoa

Aquela que insiste em julgar e condenar e emanar suas profecias como se o mundo fosse assim tão determinístico e alguém, quanta pretensão, fosse capaz de conhecer o seu caminho tão bem e com tanta autoridade pra olhar de cima e apontar o dedo pra cada suposto erro cometido por quem não fez o que supostamente devia pra supostamente agradar quem supostamente merecia. E ela julga a minha alma numa tentativa de expiar a sua, que nem precisa de nada disso, só de um pouco de paz e um tanto de amor, sendo que o amor a gente colhe, e não exige, e ele tem que vir pra nós primeiro de dentro de nós, e não tem nada a ver com posse, controle nem obrigação.

Dindar

Ela, eu, você. E ela. Todos olhares, o meu, o seu, o nosso, se voltam pro dela. A onda mágica molha os pés da menina, que, pequena, nos olha. Com o mesmo encanto, encara a vida e nos convida a olhar também. Areia nos pés, mãos entrelaçadas, promessa de amor, presente de irmã. A menina e o mar, e nós a dindar.

Infinitos

Buscar o infinito, olhando pra trás... Quem ousaria? Contrariando, é lá que ele está. (onde mais seria?) Desafiando nossa lógica (limitada) compreensão, a ideia do infinito é a apoteose da abstração: sem vez no agora, quando tudo só é se concreto for. Em tempo de amores líquidos, tudo se finda. (menos meu amor por você) Tudo é matéria, e tem que acabar logo. Substituir, e logo acabar, de novo. Contemplar o infinito cura almas e córneas. Mas quem seduz é a tela. Porque faz invisível o vazio de dentro, e sufoca o espaço dos olhares profundos. A matemática diz: entre arte e ciência cabem infinitas nuances. Não, não diz. Deveria, porém. A solução mora (justamente) no oceano de pontinhos (inclassificáveis) que transitam (livremente) entre a poesia e o método, entre as pontas do clichê em que duelam emoção e razão, mal e bem. (Se eu conseguir) unir as pontas... (Se eu conseguir) me achar nas pontas... Infinito é o caos que me co

Des-coberta

Envolva-se com erva daninha e danou-se. Só que não. Não me dobro à tua baixeza de espírito, não preciso dos teus cães de guarda, nem de ti. (olha só) Vai, vive, fazendo-te de feliz. (é o que melhor cola) Arrasta-te pelo mundo, cobra, e enganas a quem... (não a mim) Eu, por aqui, ando descoberta, por aí, descobrindo os males que tu plantaste, que vingam apenas em terreno teu. Eu, por aqui, choro, sim, sofro as perdas que me causaste. (supostos amigos, enfim) Eu, por aqui, já não desejo nada a ti. Apenas sigo, sem medo mais. (em paz)

Arre

Linda lira lívida, espalha-me. Arrefece a minha febre e me leva praquela casa, a que eu sempre busquei. Arrebata-me, arrebata-os, faz com que eles me enxerguem, agora que me enxergo eu também. Arrebanha-nos, loucos que somos, todos, que juntos devemos ficar e nos espalhar e lhos espelhar. Arrebenta as cruas correntes, e me leva praquela casa, a que eu sempre busquei.

Ritual

Numa dança sensual, o vapor passeia... Já não há ponteiros. Alguns mililitros depois, a mente mais calma, aquecida a alma. Goles de paz.