Oito de março de dois mil e vinte e um, nove da noite. Você finalmente se senta e pensa em escrever alguma coisa interessante. O dia foi ótimo. Você acordou às seis e meia (normalmente sua filha te chama antes das seis) depois de ter ido dormir por volta das onze. Teve uma interrupção na madrugada, nada demais. Ela te chamou, você foi lá, ela te abraçou e logo voltou a dormir. Você também não teve muita dificuldade pra dormir depois de voltar pra sua cama. Sua filha levou quase uma hora até escolher uma roupa que a deixasse satisfeita. Ela está na fase em que as roupas ganharam um significado, e não servem mais apenas pra cobrir o corpo. Uma hora ela quer vestir saia de tule e collant (isso veio depois que você e ela se fantasiaram e dançaram a tarde toda no quintal pra curtir o Carnaval cancelado pela pandemia), mais tarde é a roupa do Simon (o coelho do desenho), e às vezes no mesmo dia são cinco papéis (o que dá cinco roupas também) diferentes que ela interpreta (junto com você, a q
Aquela que insiste em julgar e condenar e emanar suas profecias como se o mundo fosse assim tão determinístico e alguém, quanta pretensão, fosse capaz de conhecer o seu caminho tão bem e com tanta autoridade pra olhar de cima e apontar o dedo pra cada suposto erro cometido por quem não fez o que supostamente devia pra supostamente agradar quem supostamente merecia. E ela julga a minha alma numa tentativa de expiar a sua, que nem precisa de nada disso, só de um pouco de paz e um tanto de amor, sendo que o amor a gente colhe, e não exige, e ele tem que vir pra nós primeiro de dentro de nós, e não tem nada a ver com posse, controle nem obrigação.